Abril – NEPA / UFF, 20(10), p. 109-125, 2018
DOI: 10.22409/abriluff.v10i20.29953
A partir da concepção de que o recurso ao fantástico constitui uma estratégia de questionamento dialético da realidade com vistas à reflexão, o trabalho discute a arquitetura da linguagem fantástica e seus efeitos significativos na construção do conto “Coisas”, de José Saramago. A análise de artifícios estéticos presentes no conto, como o insólito e o absurdo, objetiva evidenciar a presença de métodos de violência e perseguição característicos da ditadura salazarista materializados na opressão mesquinha e embrutecedora da sociedade capitalista que tudo transforma em objetos comerciáveis. Em suma, o recurso fantástico empreendido por Saramago oferece uma interessante possibilidade de leitura da relação entre a tensão significativa do signo, aflorada pelo recurso fantástico, e o entre-lugar ocupado por objetos e pessoas na sociedade portuguesa pós-Estado Novo, funcionando como uma ruptura crítica de ressignificação da realidade com vistas a criar outra mais lírica e humana.---DOI: http://dx.doi.org/10.22409/abriluff.2018n20a476