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Discursos Mediáticos sobre o Oriente Violento: A violência sexual na Síria e Iraque enquanto veículo de Islamofobia em Portugal (2010-2015)

Thesis published in 2019 by Verónica Isabel Pedro Ferreira ORCID
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Abstract

As representações mediáticas da violência sexual nos conflitos da Síria e do Iraque, entre 2010 e 2015, são o caso de estudo que nos permite estabelecer as bases que possibilitarão uma análise mais abrangente sobre o papel do discurso na produção e reprodução de posições políticas e sociais de cariz islamofóbico. Através da exploração das peças jornalísticas, publicadas durante o período mencionado em três jornais portugueses - o Público, o Expresso, e o Correio da Manhã online - poderemos tomar conhecimento de alguns pressupostos, preconceitos e estereótipos reproduzidos pela comunicação social portuguesa que se formam a partir das estruturas e vetores discursivos que investigaremos posteriormente. Neste sentido, o plano que aqui se apresenta tem como objetivo estabelecer as bases teóricas, metodológicas e empíricas da investigação a desenvolver. Partindo da premissa segundo a qual as representações mediáticas nacionais contribuem para uma visão estereotipada da mulher muçulmana e do próprio Islão, contribuindo assim para a ideia de uma mulher vulnerável, vítima da sociedade em que se insere e da violência do homem muçulmano, podemos assumir que este tipo de representações são uma forma de violência simbólica e epistémica que se repercute efetivamente na vida, e nos corpos, das mulheres e dos homens alvo de discriminação, nomeadamente pela justificação que proporcionam a políticas de restrição de asilo, nacionalidade ou imigração, bem como políticas imperialistas de intervenção nestes países. Uma das narrativas utilizadas no processo de legitimação de ações políticas tais como intervenções armadas é a proteção das populações dos países com quem se pretende travar guerra. Ora, de entre a população existem grupos mais vulneráveis cuja proteção depende, segundo a narrativa, da intervenção militar, é o caso das mulheres e crianças, instrumentaliza-se, portanto, um certo discurso de vitimização feminina com o objetivo de legitimar a intervenção militar sobre o pretexto da violência de género praticada no Próximo e Médio Oriente. Este processo é circular e complexo, na prática faz parte de uma rede dinâmica de relações de poder que se estabelecem entre os indivíduos e as instituições através do discurso. Ou seja, as estruturas discursivas, tanto políticas como económicas, culturais e sociais, que moldam o discurso produzido e reproduzido pelos media são sancionadas por certas instituições feministas ocidentais. Para que seja possível examiná-las numa investigação é primeiro necessário que se analise o discurso dos media que não deixa de espelhar o discurso ocidental, na medida em que Portugal se insere dentro deste espaço geopolítico. ; As representações mediáticas da violência sexual nos conflitos da Síria e do Iraque, entre 2010 e 2015, são o caso de estudo que nos permite estabelecer as bases que possibilitarão uma análise mais abrangente sobre o papel do discurso na produção e reprodução de posições políticas e sociais de cariz islamofóbico. Através da exploração das peças jornalísticas, publicadas durante o período mencionado em três jornais portugueses - o Público, o Expresso, e o Correio da Manhã online - poderemos tomar conhecimento de alguns pressupostos, preconceitos e estereótipos reproduzidos pela comunicação social portuguesa que se formam a partir das estruturas e vetores discursivos que investigaremos posteriormente. Neste sentido, o plano que aqui se apresenta tem como objetivo estabelecer as bases teóricas, metodológicas e empíricas da investigação a desenvolver. Partindo da premissa segundo a qual as representações mediáticas nacionais contribuem para uma visão estereotipada da mulher muçulmana e do próprio Islão, contribuindo assim para a ideia de uma mulher vulnerável, vítima da sociedade em que se insere e da violência do homem muçulmano, podemos assumir que este tipo de representações são uma forma de violência simbólica e epistémica que se repercute efetivamente na vida, e nos corpos, das mulheres e dos homens alvo de discriminação, nomeadamente pela justificação que proporcionam a políticas de restrição de asilo, nacionalidade ou imigração, bem como políticas imperialistas de intervenção nestes países. Uma das narrativas utilizadas no processo de legitimação de ações políticas tais como intervenções armadas é a proteção das populações dos países com quem se pretende travar guerra. Ora, de entre a população existem grupos mais vulneráveis cuja proteção depende, segundo a narrativa, da intervenção militar, é o caso das mulheres e crianças, instrumentaliza-se, portanto, um certo discurso de vitimização feminina com o objetivo de legitimar a intervenção militar sobre o pretexto da violência de género praticada no Próximo e Médio Oriente. Este processo é circular e complexo, na prática faz parte de uma rede dinâmica de relações de poder que se estabelecem entre os indivíduos e as instituições através do discurso. Ou seja, as estruturas discursivas, tanto políticas como económicas, culturais e sociais, que moldam o discurso produzido e reproduzido pelos media são sancionadas por certas instituições feministas ocidentais. Para que seja possível examiná-las numa investigação é primeiro necessário que se analise o discurso dos media que não deixa de espelhar o discurso ocidental, na medida em que Portugal se insere dentro deste espaço geopolítico.