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Os peixes e as poças: o uso de áreas marginais alagáveis por peixes de igarapés amazônicos

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Abstract

A bacia Amazônica é mundialmente famosa pelas extensas áreas de florestas alagáveis, que são periodicamente inundadas durante as cheias dos grandes rios. Essas planícies são extremamente importantes para a produtividade dos rios (Junk et al., 1989) e são usadas como sítios de alimentação, reprodução e refúgio por uma infinidade de espécies de peixes, como descrito por Michael Goulding (1980) no livro “The fishes and the forest: explorations in Amazonian natural history”. Apesar de serem menos conhecidas, as áreas adjacentes aos igarapés (i.e. denominação regional para riachos; Fig. 1) de terra firme da Amazônia também sofrem alagamentos sazonais causados pela combinação de chuvas locais, aumento do nível do lençol freático e do transbordamento de água do canal. Esses alagamentos geram sistemas temporários de água acumulada (Fig. 2), que podem durar de alguns dias até vários meses, e são habitados por diversas espécies de peixe (Fig. 3; Pazin et al., 2006; Espírito-Santo et al., 2013). Algumas dessas espécies podem apresentar adaptações respiratórias e locomotoras específicas para a vida em condições instáveis de disponibilidade de água (Turko & Wrigth, 2015) e podem ter ciclos de vida sincronizados com a dinâmica sazonal de enchimento das poças (Espírito-Santo et al., 2013). Durante os 15 anos de existência, o Projeto Igarapés, vinculado ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, já registrou a presença de poças temporárias em vários igarapés de terra firme espalhados pela bacia Amazônica, incluindo tributários dos rios Amazonas, Negro, Jaú, Japurá, Purus, Madeira, Xingu e Tapajós. Isso indica a relevância dos ambientes de poças temporárias na escala da bacia Amazônica. Uma busca conjunta no banco de dados do Projeto Igarapés, no acervo da Coleção de Peixes do INPA e em bases de dados de outras expedições nos permitiu elaborar uma lista com 64 espécies de peixes (11 famílias) que já foram capturadas em poças temporárias adjacentes a igarapés de terra firme da Bacia Amazônica (Tabela 1). Nosso objetivo nesta comunicação é rever as principais descobertas ictiológicas relacionadas aos sistemas de poças temporárias de igarapés e apontar caminhos futuros para melhor entender e conservar os peixes desses ambientes ainda pouco estudados da Amazônia.