Braz. J. Aquat. Sci. Technol., 2(16), p. 51
DOI: 10.14210/bjast.v16n2.p51-59
A família Sciaenidae compreende peixes teleós-teos que habitam águas marinhas, salobras e fluviais, com cerca de 270 espécies distribuídas em 70 gêneros (Nelson, 2006). A maioria das espécies habita águas rasas da plataforma continental, mas dependem de ambientes estuarinos em diferentes períodos do ciclo de vida. A atividade pesqueira sobre espécies desta família é importante em várias partes do mundo (Luczkovich et al., 2008), inclusive na região sudeste-sul do Brasil, onde Micropogonias furnieri (Desmarest, 1823) (corvina), Cynoscion guatucupa (Cuvier, 1830) (pescada), Cynoscion jamaicensis (Vaillant & Bocourt, 1883) (goete) e Macrodon atricauda (Günther, 1880) (pescadinha-real) são espécies-alvo da pesca (Haimovici, 1998; Cergole et al. 2005). As larvas de peixes podem utilizar uma ampla variedade de habitats, desde a plataforma continental até lagoas costeiras, baías e estuários. Os estuários disponibilizam para os estágios iniciais de peixes uma grande gama de habitats durante todo o seu desenvolvimento, incluindo marismas, manguezais, enseadas rasas, áreas rochosas, fundo não vegetado (arenoso, areno-lodoso e lodoso) e a própria coluna d'água. Impactos na estrutura destes habitats podem influenciar a produção pesqueira, devido à associação entre a sobrevivência dos estágios iniciais e abundân-cia de espécies comercialmente exploradas (Hoss & Thayer, 1993). Babler (2000) descreve que todos os parâmetros físicos, aos quais as larvas de peixes estão submetidas nesses ambientes, são capazes de afetar o recrutamento, podendo influenciar na distribuição, ocorrência e composição de espécies. Estudos revelam a importância dos estuários como área de alimentação e berçário para os estágios iniciais de desenvolvimento de espécies da família Sciaenidae na costa brasileira (Sinque, 1980; Sinque, 1989; Muelbert & Weiss, 1991; Barletta-Bergan et al., 2002; Coser et al., 2007; Bonecker et al., 2009; Costa & Souza-Conceição, 2009). Assim, os estuários são considerados áreas-chave para o desenvolvi-mento de espécies de interesse econômico, sendo a conservação destes ambientes fundamental para a manutenção de várias espécies marinhas (Lenanton & Potter, 1987). A baía da Babitonga está localizada no norte do Estado de Santa Catarina (Brasil) e comporta, em termos latitudinais, a última grande formação de manguezal do hemisfério sul. Estudos anteriores evidenciam a importância deste ecossistema para os estágios iniciais das diferentes espécies de peixes, juvenis e adultos (IBAMA, 1998; Côrrea et al., 2006; Souza-Conceição, 2008; Costa & Souza-Conceição,