Associação Brasileira de Pós -Graduação em Saúde Coletiva, Revista Brasileira de Epidemiologia, 1(12), p. 39-49, 2009
DOI: 10.1590/s1415-790x2009000100005
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A determinação de situações de riscos na população que faz uso de agrotóxico é complexa. O objetivo desse estudo foi conhecer o contexto social, econômico e cultural e algumas das vulnerabilidades para a saúde relacionadas com o processo produtivo químico dependente da fruticultura do Vale do São Francisco. Questionário semiestruturado foi aplicado a uma amostra aleatória de trabalhadores rurais, para obtenção de informações socioeconômicas e culturais, assim como a morbidade relacionada com intoxicação por agrotóxicos. Os trabalhadores rurais da região têm em sua maioria baixo grau de escolaridade, sendo esta uma importante vulnerabilidade para compreensão da rotulagem dos agrotóxicos e sua implicação toxicológica e ambiental. Foi observado uso indiscriminado de agrotóxicos em condições inseguras de trabalho que comprometem a saúde dos expostos. A sintomatologia sugestiva de intoxicação por agrotóxicos aponta para quadros relacionados com exposição à organofosforados, carbamatos e piretróides, em congruência com os biocidas utilizados na fruticultura. 7% da população estudada referiram ter sofrido pelo menos um caso de intoxicação no decorrer da vida. A assistência técnica relacionada com o manejo de agrotóxicos é precária e não se observaram ações de proteção no âmbito da saúde, do trabalho, da previdência ou do ambiente. Estas vulnerabilidades institucionais corroboram aquelas relacionadas com o modelo tecnológico que objetiva meramente a produtividade e o rendimento financeiro.