O Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) prevê, no âmbito da Conclusão da Reforma da Saúde Mental e Implementação da Estratégia para as Demências (RE-C01-i03), o investimento em programas de formação diferenciados para capacitar profissionais. Assim, a Coordenação Nacional das Políticas de Saúde Mental, no âmbito do PRR, tomou como pertinente patrocinar uma revisão do panorama nacional nesta área. Foi planeada uma pesquisa sobre ofertas de formação, existentes em Portugal, destinadas a reforçar as competências de equipas multidisciplinares (de saúde e/ou área social) em programas de intervenção na área das perturbações cognitivas, com foco nas demências. Estes programas de intervenção, originais ou traduzidos em português europeu, deveriam ter as seguintes características: 1) incidência psicossocial; 2) disponibilização sob a forma de ‘manual’ ou equivalente; 3) existência de dados de avaliação/validação (pelo menos em ensaios-piloto). O desenho e operacionalização do mapeamento seguiram uma lógica de etapas: 1) revisão crítica da literatura científica, incluindo literatura ‘cinzenta’, com a identificação de áreas deficitárias; 2) auscultação de um núcleo de peritos nacionais com conhecimento e experiência relevantes na área para completar a revisão; 3) articulação com as equipas responsáveis pelas intervenções (originais, traduzidas ou adaptadas), para coligir dados complementares sobre a possibilidade de operacionalização de formação de equipas, a curto ou médio prazo; 4) produção deste documento-síntese. A revisão da literatura, tal como planeada inicialmente, identificou dezasseis programas de intervenção (Resultados – Secção A). Foram incluídas ofertas de formação para programas de estimulação cognitiva e intervenção com familiares ou com cuidadores formais, tendo como público-alvo prioritário equipas/profissionais de saúde ou da área social. A revisão não pretendia mapear intervenções, mas sim possibilidades de ofertas de formação estruturadas, ancoradas em intervenções com dados mínimos de validação, exequibilidade e replicabilidade. Porém, dado o número relativamente reduzido de exemplos encontrados e com base nas informações recolhidas com o núcleo de peritos, foi decidido: 1) alargar o âmbito da revisão a recursos/programas dirigidos exclusivamente a pessoas com défice cognitivo ligeiro (perturbação neurocognitiva ‘minor’) e 2) juntar duas secções de Resultados (B e C) que não pretendem ser exaustivas. A secção B inclui exemplos de recursos/materiais/conteúdos estruturados e validados por peritos, destinados a apoiar programas de formação básica ou intervenção; tipicamente ‘manuais’ ou repositórios institucionais de vídeos pedagógicos, preferencialmente acessíveis online. A secção C inclui exemplos de ofertas de formação para treino conjunto avançado de equipas, de forma estruturada (baseada em ‘manuais’ ou equivalentes), mas cuja avaliação deve ser completada. O público-alvo dividiu-se entre equipas de Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas (ERPI), centros de dia e Serviços de Apoio Domiciliário (SAD); equipas de saúde ou da área social intervindo com familiares-cuidadores informais; equipas de Cuidados de Saúde Primários ou Continuados. Os dados coligidos deverão ser completados periodicamente, tanto no que toca à informação sobre os exemplos (mediante contactos com todos os responsáveis), como no sentido de alargar a revisão (mediante contactos com peritos). Pretende-se que este mapeamento possa informar, em tempo útil, as opções a tomar na implementação de programas de formação diferenciados, nomeadamente no contexto do trabalho a desenvolver pelas Comissões Regionais de Saúde para a Demência. Este documento, que se estrutura como um portefólio, não pode ser considerado concluído em nenhuma circunstância. Tendo em conta a existência de programas de formação ou intervenção em desenvolvimento, ou com avaliação em curso, assim como a volatilidade de certo tipo de informação de natureza logística (por exemplo, contactos institucionais), todos os conteúdos deverão ser objeto de revisão regular.