Revista de Medicina, 4(102), 2023
DOI: 10.11606/issn.1679-9836.v102i4e-205036
Introdução: A Brugmansia suaveolens, conhecida como “trombeta de anjo,” é uma planta com alcaloides anticolinérgicos que provocam inibição da atividade de receptores muscarínicos no sistema nervoso central e periférico. Sua toxicidade resulta em agitação, alucinações, hipertermia, taquicardia, rabdomiolise, insuficiência renal e morte. Objetivo: Descrever um caso de intoxicação aguda por chá de trombeta, cursando com hepatite fulminante. Materiais e Métodos: Trata-se de um relato de caso, com dados clínicos e laboratoriais coletados a partir dos registros em prontuário. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foi obtido com familiar e o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa. Relato de Caso: Masculino de 19 anos, saudável, internado por quadro de febre de 41°C e crises convulsivas tônico-clônicas generalizadas, evoluindo para intubação orotraqueal. Apresentava midríase fixa e rigidez de nuca. Família relata que o paciente tinha feito uso de chá de “trombeta de anjo”. À admissão, realizou tomografia computadorizada de crânio, que não evidenciou desvio de linha média, líquor sem alterações, gasometria arterial com acidose metabólica grave, insuficiência renal aguda com necessidade dialítica e insuficiência hepática aguda fulminante. Conclusões: A intoxicação pelo “chá de trombeta” é uma emergência neurológica que deve ser rapidamente reconhecida por ser potencialmente fatal. Tendo meningite como diagnóstico diferencial, é importante obter história clínica completa para investigar possível contato prévio com a planta. Para nosso conhecimento, esse é o primeiro caso a relatar quadro de hepatite fulminante pela “trombeta de anjo,” além dos sintomas neurológicos já descritos em literatura, o que corrobora ainda mais para a importância do tema em questão.