Medicina Interna, 1(27), p. 22-27, 2020
DOI: 10.24950/rspmi/o/185/19/1/2020
Medicina Interna, 1(27), p. 22-27, 2021
Introdução: A pericardite aguda é uma síndrome frequente caracterizada pela inflamação do pericárdio e usualmente atribuído a etiologia viral/idiopática. Apesar dos avanços no tratamento, existe informação limitada em relação a etiologia e prognóstico. O objetivo do nosso trabalho foi identificar a prevalência de pericardite aguda com etiologia especifica e avaliar marcadores clínicos de prognóstico. Material e Métodos: Estudo retrospetivo de doentes hospitalizados por pericardite aguda entre 2012-2016. A população foi caracterizada quanto a etiologia, apresentação clínica, tratamento e prognóstico. Para avaliação de prognóstico foram avaliadas recorrência de pericardite, pericardite constritiva e mortalidade global um ano após alta hospitalar. Resultados: Foram incluídos 94 doentes com idade mediana 46 anos (IIQ 32-61), 65% eram do sexo masculino. A etiologia idiopática foi responsável por 68% dos casos. Etio- logia especifica foi identificada em 32% dos doentes, sendo mais frequente doença autoimune (12%) e neoplasia (5%). A pericardite idiopática foi mais associada a miopericardite (p = 0,049), enquanto a etiologia específica se associou a derrame pericárdico (p = 0,001) e a tamponamento pericárdico (p = 0,027). A recorrência de pericardite ocorreu em 13% dos doentes. O tratamento com corticosteroides em doentes com etiologia definida não se associou com aumento de recorrência (p = 0,220). A mortalidade global a um ano foi de 9%. A etiologia definida de pericardite aguda revelou-se o único preditor independente de mortalidade na análise multivariada (OR 40,3; 95% CI 1,9 – 137,2; p = 0,016). Conclusão: Cerca de um terço dos doentes hospitalizados por pericardite aguda têm uma causa específica identificável de pericardite e estes doentes apresentam risco aumentado de mortalidade.