Research, Society and Development, 1(11), p. e51011125138, 2022
As capacidades de interpretar e avaliar afirmações são fundamentais para a formação de cidadãos críticos num século marcado pela disseminação de informações tendenciosas carregadas de distorções do conhecimento científico. A alfabetização científica (AC), nesse contexto, ganha grande importância e precisa ser fomentada em sala de aula. Para isso, o conhecimento da epistemologia da ciência pode contribuir muito para o eixo estruturante da AC referente ao ‘aprender a fazer ciência’ e a argumentação está inserida nesse eixo. Assim, para promover a argumentação em sala de aula, aplicamos uma atividade investigativa em turmas do primeiro ano do ensino médio, na disciplina de Biologia, no ensino remoto emergencial. Os estudantes construíram hipóteses que explicaram o fenômeno investigado e, em seguida, foram convidados a negociar com seus colegas de grupo, a melhor explicação. Como resultado, observamos que os estudantes, em pequenos grupos de discussão, possuem pouca iniciativa para a argumentação e que, mesmo quando orientados a chegarem a um consenso, preocuparam-se mais em escolher uma explicação para dar a professora, do que discutirem a pertinência das explicações apresentadas. Os momentos em que os estudantes efetivamente estiveram engajados em discutir pontos fortes e fracos das explicações concentraram-se na discussão com toda a turma, em que a professora promoveu o debate através de perguntas que colocavam à prova ou buscavam mais esclarecimentos sobre as afirmativas dos estudantes. Esses resultados reforçam a importância do professor na estruturação e orientação de atividades investigativas e como facilitador de práticas epistêmicas das ciências em sala de aula para promoção da AC dos estudantes.