Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz, Cadernos de Saúde Pública, suppl 1(37), 2021
DOI: 10.1590/0102-311x00145520
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Doenças crônicas não transmissíveis correspondem à principal causa de morte no mundo e têm a alimentação inadequada como um de seus principais fatores de risco modificáveis, destacando-se o consumo excessivo de sódio e sua associação com doenças cardiovasculares, mediadas pela pressão arterial. Este estudo avaliou o impacto de diferentes cenários de políticas para a redução do consumo de sódio com base em alimentos processados e ultraprocessados na prevenção de mortes por desfechos cardiovasculares na população adulta no Brasil. Foram utilizados dados secundários, de relatórios e bases públicas do Sistema Único de Saúde e de inquéritos populacionais. Foram analisados os impactos, até 2027, de três cenários: manutenção das atuais metas voluntárias, e dois cenários mandatórios, considerando as menores metas nas Américas e as menores metas mundiais. Para a análise das mortes prevenidas ou adiadas com base no consumo de sódio em tais cenários foi utilizado o Preventable Risk Integrated ModEl (PRIME). Em 2027, mais de 72 mil mortes seriam atribuíveis ao excesso de sódio e as metas voluntárias resultariam na prevenção ou adiamento de até 4.001 (intervalos de 95% de incerteza - II95%: 1.611-6.563) mortes, e os cenários mandatórios resultariam na prevenção de 9.704 (II95%: 3.955-15.665) e 15.561 (II95%: 6.350-25.096) mortes por doenças cardiovasculares, considerando as menores metas regionais e internacionais, respectivamente. Os achados sugerem que a manutenção de metas voluntárias tem impacto limitado quando comparada a cenários possíveis e mais restritivos de redução do teor de sódio em alimentos processados e ultraprocessados, e reforçam a necessidade de adoção de medidas com maior efetividade no país.