Revista Brasileira de Pesquisa (Auto)biográfica, 22(7), p. 782-798, 2022
DOI: 10.31892/rbpab2525-426x.2022.v7.n22.p782-798
Neste artigo exploramos a correspondência privada enviada por Moema Toscano à Ruth Menezes Karam, mais especificamente três cartas e 14 cartões. Ruth e Moema se conheceram e tornaram-se amigas – posteriormente missivistas – em 1948. Juntas frequentaram o curso de aperfeiçoamento na Escola Nacional de Educação Física, no Rio de Janeiro e partilharam a “aventura” de estudar na capital carioca, feito ainda incomum no período para duas mulheres solteiras, professoras primárias, do interior do estado gaúcho. Posteriormente, Moema, feminista, militante, socióloga, professora universitária – foi aposentada compulsoriamente da Universidade em abril de 1969, com base no AI-5 e reintegrada à UFRJ em 1979 –, radicou-se no Rio de Janeiro e de lá – e de vários lugares do mundo – escreveu à sua amiga, Ruth, com quem manteve uma amizade de seis décadas. Ruth Menezes Karam, a destinatária, morava em Bagé, na fronteira do Rio Grande do Sul, e era pedagoga, professora e orientadora educacional. Alguns temas são recorrentes na correspondência: as viagens de Moema, a amizade de ambas, a família e, mais tarde, a saúde e o envelhecimento. Trabalhamos com a ideia de Dauphin e Poublan (2002) de que a correspondência ordinária desvela a vida privada, que se esconde atrás da cena pública.