Objetivos: Investigar a mortalidade por COVID-19 em receptores de transplante renal (TR) e os fatores associados ao maior risco de óbito. Métodos: Os receptores de TR com suspeita de COVID-19 foram monitorados por nefrologistas de março a dezembro de 2020, através de contato telefônico diário, sendo registrados dados clinico-laboratoriais-evolutivos referentes à COVID-19. Uma análise multivariada (regressão logística, forward stepwise) para pesquisa de fatores preditivos de óbito foi realizada. Resultados: Foram confirmados 96 casos de COVID-19 (RT-PCR ou sorologia COVID), sendo 55,2% masculino, idade média 49,1 anos, 90,6% doador falecido e mediana do tempo de TR de 5,2 anos. As comorbidades mais frequentes foram HAS (76%), diabetes (37,5%) e doença cardiovascular (14,6%). A imunossupressão mais utilizada foi tacrolimo/micofenolato (66,7%) e prednisona (69,8%). Em 39,6% dos casos foi necessário internamento, sendo 18,8% em UTI. Em relação aos desfechos, 87,5% ficaram livres da doença e 12,5% foram a óbito. Na análise multivariada, associaram-se à maior chance de óbito: o tempo de transplante superior a 5,7 anos e a idade do receptor superior a 55 anos, enquanto uma menor creatinina basal associou-se à menor chance de mortalidade Conclusão: A mortalidade por COVID-19 em receptores de TR foi superior à da população geral, mas inferior ao descrito em outros centros de transplante. O tempo de transplante e a idade do receptor foram preditivos de óbito nesta população, enquanto uma menor creatinina basal associou-se à menor mortalidade.