A Atenção Básica é a porta de entrada preferencial para os serviços de saúde e tem a capacidade de coordenar o cuidado dos usuários sob responsabilidade das Estratégias Saúde da Família. Os Ambulatórios são caracterizados como postos integrantes dos serviços de urgências e devem estar preparados para atender as demandas que necessitam de avaliação rápida e estabilização do quadro agudo. Objetivou-se investigar as demandas de atendimentos de saúde sensíveis à atenção básica apresentadas por usuários de um ambulatório da cidade de Mato Verde, Minas Gerais, Brasil. Trata-se de um estudo descritivo e exploratório de natureza qualitativa. Os dados foram coletados entre agosto e setembro de 2019, com 15 usuários submetidos a entrevista semiestruturada e analisados mediante Análise do Conteúdo. Os resultados mostraram que os participantes tinham entre 20 e 63 anos de idade, eram casados, pardos, possuíam ensino médio completo e renda mensal bruta de R$ 998,00. Relataram procurar a Unidade Básica de Saúde quando apresentaram algum sinal ou sintoma e para a renovação de receitas médicas. Procuraram atendimento no Ambulatório devido à necessidade de agendamento prévio para atendimento na Atenção Básica e em virtude da manifestação de sintomas associados a problemas de saúde que parecem não se caracterizarem como atendimentos de urgência ou emergência. Conclui-se que a migração de usuários para atendimento no Ambulatório sem que sua demanda caracterize situação de urgência ou emergência representa um problema que parece cultural nessa população e também na gestão. Tais achados indicam que este estudo possa oferecer subsídios aos profissionais de saúde, bem como aos gestores na implementação de estratégias para corrigir lacunas assistenciais, sensibilizar a população a procurar o nível de atendimento adequado a sua necessidade, para melhorar o acesso e a resolutividade dos serviços de saúde.