Conselho Federal de Psicologia, Psicologia: Ciência e Profissão, spe(40), 2020
DOI: 10.1590/1982-3703003230089
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Resumo O presente artigo apresenta uma reflexão crítica sobre as questões raciais e o enfrentamento ao racismo na micropolítica do cotidiano escolar. Nosso objetivo foi analisar o processo de construção e execução de uma investigação feita por estudantes do ensino médio sobre a presença e o combate ao racismo institucional em uma escola pública estadual de Fortaleza (CE). Trabalhamos a partir de uma pesquisa-intervenção (PI) articulada ao referencial teórico-metodológico da Critical Participatory Action Research (CPAR), que balizou a construção de uma “pesquisaCOM” com jovens. Desenvolvemos um curso de formação de jovens pesquisadores para construir uma pesquisa com ferramentas metodológicas em que eles fossem protagonistas na construção, aplicação e análise da pesquisa. Percebemos que o tema do enfrentamento ao racismo na micropolítica do cotidiano escolar teve centralidade no processo de pesquisa que os jovens realizaram entre seus pares. Os resultados apontaram que 30,2% dos secundaristas afirmaram ter sofrido algum tipo de preconceito racial, tais como: preconceito em relação ao cabelo por ser cacheado; ter escutado expressões/apelidos pejorativos por ser negro e não ter boas condições financeiras, além de relatarem não se sentir à vontade para falar sobre o preconceito presente na escola. Assim, a pesquisa realizada pelos jovens, intitulada “Como quebrar os padrões sociais?”, contribuiu para a discussão das relações raciais na escola, fomentando deslocamentos na formação de jovens pesquisadores atuantes e implicados no seu cotidiano com a intenção de descolonizar o saber e radicalizar o caráter participativo.