Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz, Cadernos de Saúde Pública, 9(35), 2019
DOI: 10.1590/0102-311x00191518
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Resumo: O câncer em indivíduos de 0 a 19 anos é considerado raro, quando comparado à incidência em faixas etárias maiores, sendo estimado entre 2% e 3% de todos os tumores malignos registrados no Brasil. O uso de antraciclinas está frequentemente associado ao aparecimento de cardiotoxicidade e faz parte de aproximadamente 60% dos protocolos terapêuticos em oncologia pediátrica. Dentre as estratégias existentes para a prevenção de cardiotoxicidade, o dexrazoxano obteve resultados favoráveis pautados em desfechos intermediários (marcadores bioquímicos e medidas ecocardiográficas). Foi desenvolvida, neste trabalho, uma avaliação de custo-efetividade que compare o uso do dexrazoxano em diferentes populações, além de uma avaliação do impacto orçamentário causado pela possível incorporação da tecnologia. Foi utilizado o horizonte temporal de toda a vida do paciente e a perspectiva de análise do Sistema Único de Saúde. Uma análise de impacto orçamentário para cada tecnologia também foi construída. Após uma busca na literatura, foi desenvolvido um modelo de Markov capaz de comparar o uso do dexrazoxano em seis perfis de pacientes com risco de desenvolver cardiotoxicidade. Usar o medicamento nas crianças menores de cinco anos de idade se mostrou a alternativa mais custo-efetiva (razão de custo-efetividade incremental - RCEI de R$ 6.156,96), seguida de usar em todos os pacientes (RCEI de R$ 58.968,70). Caso o preço diminua a um valor menor que R$ 250,00 por frasco, a alternativa de usar em todas as crianças se torna a mais custo-efetiva. O impacto orçamentário ao final de cinco anos foi de R$ 30.622.404,81 para uso apenas nas crianças menores de cinco anos. Usar a tecnologia em todas as crianças produziria um impacto incremental de R$ 94.352.898,77.