Revista Ibero-Americana de Ciências Ambientais, 7(9), p. 308-319, 2018
DOI: 10.6008/cbpc2179-6858.2018.007.0029
O presente trabalho foi realizado no Rio Amazonas, no Estreito de Óbidos, de janeiro de 2012 a dezembro de 2016. As coletas foram realizadas mensalmente com o objetivo de investigar as variações sazonais e interanuais do transporte de carbono orgânico dissolvido (COD), do nitrogênio total dissolvido (NDT), do nitrogênio orgânico dissolvido (DON), do nitrato (NO3) e do amônio (NH4) no rio. Observou-se que as fases hidrográficas têm uma influência importante sobre o transporte dos constituintes dissolvidos na água. Na fase de cheia, o carbono orgânico dissolvido (COD), o nitrogênio total dissolvido (NDT) e o nitrogênio orgânico dissolvido (DON) aumentaram significativamente seu transporte (sendo em média respectivamente 0.096, 0.006 e 0.004 Tg.dia-1), em comparação com a fase de seca (0.036, 0.003 e 0.001 Tg.dia-1, respectivamente). Apenas o nitrato (NO3) não teve seu transporte significativamente alterado ao longo das fases da hidrógrafa (0.003 Tg.dia-1). O transporte média de NH4 foi de 0.0003 ± 0.0001 Tg.dia-1 e as diferenças no transporte foram serem negligenciadas. Os resultados encontrados no presente trabalho aproximam-se dos valores encontrados na literatura para o Rio Amazonas. Estes resultados demonstram que mudanças de cobertura e uso do solo ainda não podem ser observadas em larga escala na no Estreito de Óbidos. Somente um monitoramento contínuo e ininterrupto é capaz de fazer uma avaliação robusta do efeito de eventos climáticos extremos, possíveis mudanças futuras no clima, assim como mudanças no uso e cobertura do solo. Frente a crescentes mudanças na Bacia Amazônica, estudos com frequência temporal e ampla distribuição espacial fazem-se necessários.