Links

Tools

Export citation

Search in Google Scholar

O sentido do espírito no humano: Estudo sobre a determinação antropológica na obra de Kierkegaard

This paper is available in a repository.
This paper is available in a repository.

Full text: Download

Question mark in circle
Preprint: policy unknown
Question mark in circle
Postprint: policy unknown
Question mark in circle
Published version: policy unknown

Abstract

O presente trabalho constitui-se como uma tentativa de exploração da compreensão kierkegaardiana do humano como “espírito” (“Aand”). Numa primeira etapa, em que se recorre à análise da estrutura constitutiva do humano como contradição, pretende mostrar-se como há uma “descompensação” na raiz da existência naturalmente dada. Por motivo deste “desequilíbrio”, o acontecimento espontâneo da vida é compreendido como doença (mais especificamente, como “doença para a morte”). Considera-se a estrutura do ponto de vista natural, a saber, as categorias com que este fundamentalmente opera: a afecção, a disposição, o talento. Explora-se o modo como o fenómeno de contradição/da doença se manifesta no momento da ocorrência de um choque na compleição dupla (isto é, psicofísica, ou ideal-imediata) do sujeito, de modo que se percebe que a vida é, mais propriamente, desespero. São analisadas as várias modalidades do desespero, cada uma das quais está pendente da estrutura dúplice e contraditória do humano, e considera-se o desespero quanto ao grau de consciência do indivíduo a esse respeito. Numa segunda fase, analisa-se o contraponto dialéctico do desespero – o espírito. De facto, na obra de Kierkegaard, a determinação espiritual surge como a possibilidade que corresponde à erradicação do desespero no indivíduo humano e, concomitantemente, ao cumprimento de si próprio enquanto tal. A noção de espírito é, em consonância com os escritos de Kierkegaard, alvo de algumas desformalizações, por meio das quais se procura expor a natureza do acontecimento em questão: como fenómeno que faz do sujeito um “indivíduo” (no sentido técnico que Kierkegaard atribui ao termo), como momento de interioridade, de seriedade, de carácter, e, finalmente, de transparência “perante Deus”. ; This work represents an attempt to investigate the Kierkegaardian conception of human beings as “spirit” (“Aand”). In the first part, where an analysis is made of human beings’ constitutive structure as being a contradiction, the aim is to show how there is a “non-compensation” underlying naturally granted existence. On account of this “unbalance”, the spontaneous occurring of life is seen as a sickness (more specifically, as the “sickness unto death”). The structure of the natural point of view is considered, that is, the categories with which it fundamentally operates: affection, mood and talent. The way in which the contradiction/illness phenomenon appears at the moment of the occurring of a collision in a subject’s double structure (that is, psychophysical or idealimmediate) is investigated, so that it can be seen that life is, more correctly, despair. There is an analysis of the various kinds of despair, each of which is subject to human beings’ two-fold and contradictory structure, and despair is considered with reference to the degree in which an individual is aware of it. In the second part there is an analysis of the dialectical counterpoint of despair – the spirit. In fact, in Kierkegaard’s works spiritual determination emerges as the possibility corresponding to the eradication of despair in human individuals and, at the same time, to the fulfillment of oneself as such. The notion of spirit is, according to Kierkegaard’s writings, the object of several deformalizations, through which there is an attempt to expound the nature of the event in question: as a phenomenon that makes a subject into an “individual” (in the technical sense that Kierkegaard ascribes to the term), as a moment of interiority, earnestness, character and, lastly, transparency “before God”.