O objetivo do presente estudo foi analisar em micro-CT dente extraído por fissura. Uma mulher de 38 anos, branca, com queixa de desconforto ocasional após morder caroço de milho de pipoca, procurou a urgência. Após exame clínico intra-oral e radiográfico, o segundo molar mandibular direito (dente 47) foi diagnosticado com polpa viva e fratura das cúspides linguais, e após remoção de restauração de amálgama constatou-se fratura incompleta iniciada na crista proximal distal da coroa. O plano de tratamento iniciou-se com reabilitação protética através de coroa total. Três meses após pulpite irreversível sintomática foi diagnosticada. A cavidade pulpar foi acessada através da coroa protética e o dente foi tratado endodonticamente. Dois anos depois a paciente apresentou fístula próxima a sulco gengival e sondagem periodontal de 12mm no centro da superfície distal. Ao exame tomográfico de feixe cônico observou-se extensa perda óssea atingindo o canal mandibular. O plano de tratamento foi a exodontia do elemento dentário e posterior planejamento de implante. O dente extraído foi então submetido ao escaneamento no micro-CT. Na análise das imagens do micro-CT do dente extraído, constatou-se dente rachado, com trinca estendendo-se da coroa até a raiz proximal (face distal). Foi verificado também má adaptação do cone de guta-percha no terço apical do tratamento endodôntico realizado. Através deste relato, podemos inferir que, o diagnóstico de dente rachado é um desafio na prática clínica, e a propagação corono-radicular da rachadura está associada a infiltração microbiana e consequente risco de perda do elemento dental.